Precisei aprender que não podia fazer tudo por você.
Como foi dolorosa essa lição!
Não sei tudo do mundo, nem posso prever o que irá acontecer,
mas, se pudesse, passaria tudo por você.
Sofro ao ver colher os frutos das sementes que plantou.
Pensei ter ensinado direito, onde foi que errei?
Falhei? Não sei o que deu errado.
Queria estar ao seu lado o tempo inteiro.
Não posso.
Tão difícil é ver você assim, tão entregue a si mesmo, sem
que nada eu possa fazer.
Antes, o que mais temia era errar. Hoje, o que mais me dói e
amar sem poder ajudar.
Nunca foi fácil ver você crescer, mas, é coisa da vida.
O que não é natural é ver você fazer a si mesmo tanto mal.
Soubesse seria assim, teria deixado você só para mim, numa
redoma de vidro.
Meu Deus! Quanto castigo!
Tive que aprender a deixar você se virar.
E ao ver que não deu conta: desesperar.
Abri a porta do ninho e você voou.
Pena seu plano de voo não ter prévia aprovação.
Foi além do que podia aguentar.
O que mais dói é ver que vai errar
E nada poder fazer para evitar.
Não sei se é maior o seu aprendizado ou o meu.
Tentei fazer o melhor, não deu.
Ou, talvez, tenha dado, mas não da forma que imaginei.
Quem dera o meu amor pudesse protegê-lo de todo o mal
Desejo de mãe, natural.
Ana Paixão, em voz emprestada.
Voz de uma mãe que sofre ao ver o filho colher frutos que
plantou. Uma colheita doída.