quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Voz de uma mãe que sofre ao ver o filho colher frutos que plantou. Uma colheita doída.



Precisei aprender que não podia fazer tudo por você.
Como foi dolorosa essa lição!
Não sei tudo do mundo, nem posso prever o que irá acontecer, mas, se pudesse, passaria tudo por você.
Sofro ao ver colher os frutos das sementes que plantou.
Pensei ter ensinado direito, onde foi que errei?
Falhei? Não sei o que deu errado.
Queria estar ao seu lado o tempo inteiro.
Não posso.
Tão difícil é ver você assim, tão entregue a si mesmo, sem que nada eu possa fazer.
Antes, o que mais temia era errar. Hoje, o que mais me dói e amar sem poder ajudar.
Nunca foi fácil ver você crescer, mas, é coisa da vida.
O que não é natural é ver você fazer a si mesmo tanto mal.
Soubesse seria assim, teria deixado você só para mim, numa redoma de vidro.
Meu Deus! Quanto castigo!
Tive que aprender a deixar você se virar.
E ao ver que não deu conta: desesperar.
Abri a porta do ninho e você voou.
Pena seu plano de voo não ter prévia aprovação.
Foi além do que podia aguentar.
O que mais dói é ver que vai errar
E nada poder fazer para evitar.
Não sei se é maior o seu aprendizado ou o meu.
Tentei fazer o melhor, não deu.
Ou, talvez, tenha dado, mas não da forma que imaginei.
Quem dera o meu amor pudesse protegê-lo de todo o mal
Desejo de mãe, natural.

Ana Paixão, em voz emprestada.
Voz de uma mãe que sofre ao ver o filho colher frutos que plantou. Uma colheita doída.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Uma voz arrependida das escolhas que fez...



A vida passa rapidamente, a gente nem sente.
Corremos diariamente em busca de nossos objetivos
E, contraditoriamente, em meio a tantos afazeres, compromissos e dores da vida
Os deixamos de lado, esquecidos num canto
Até que o pranto entra em ação
Um sonho, um fracasso, uma decepção
Deixei tantas coisas para trás
Corri, corri até que não deu mais
Sonhos mortais
Fatais para a desilusão
Corri tanto, esqueci de vocês
Não era para ter acontecido
Não chegamos a lugar nenhum sem o apoio daqueles que amamos
Porém, erramos!
Deixei todos para trás, por não querer mais aquela realidade,
Queria a felicidade
Mas, não queria deixar vocês
Foi prepotência, talvez.
Segui adiante, avante
Rumo ao sonho desconhecido
Nem ele veio até a mim
E nem eu com vocês permaneci
Perdi
Fiquei sem o amor de quem amo
Perdi
O respeito de quem admiro
Perdi
O afeto de quem me amou
Perdi
Tudo, o orgulho, o sonho, o amor
Sei que mesmo no silêncio ora e chora por mim
Sei que é assim
Soube que ainda me ama
Mesmo após tudo o que fiz
Arrependo-me de não ter corrido atrás de meus sonhos
Sem, porém, esquecer de quem me fez ser quem sou
Se acaso pudesse voltar atrás...
Não faria dessa forma o que fiz
Levaria comigo a vontade de ser feliz
Mas, traria todos aqueles que perdi comigo
Não tive ombro amigo
Não pude chorar nem de alegria e nem de dor
Quando a saudade apertou
Doeu meu coração
Foi grande a solidão
O orgulho, então...
Mas hoje, com os anos que pesam e a consciência que acusa
Sei não ter valido a pena
Cabeça pequena!
Tinha sonho grande e coração duro
Queria conhecer o mundo
Hoje trocaria tudo o que quis
Por tudo o que tinha antes de perder o que mais amava
Admirava o que não tinha
Queria o que não era meu
O coração já se arrependeu
Pena o tempo não voltar
Se pudesse, faria diferente do que fiz
Não, eu não quis.
Fui vítima de mim e acabei ficando apenas comigo
Talvez, castigo.

Ana Paixão, em voz emprestada.

Voz de quem quis conquistar o mundo, deixando para trás tudo o que mais importava, porém, só passou a ter essa importância toda quando perdeu o amor para o esquecimento e o passar do tempo. Arrependeu-se, porém, já era tarde.