Você foi embora e eu não pude me despedir.
Ah! Se soubesse que iria partir.
Se soubesse ser aquele o último encontro, o último abraço.
Teria apertado mais um pouco, beijado mais outras vezes.
Meu Deus! Como conviver com sua ausência?
Tentei enganar a solidão e a saudade, dizendo a elas que foi
só uma viagem.
Não disse a ninguém sobre sua partida, preferi acreditar nessa mentira.
Estou aguardando o dia do retorno.
Entrego-me aos prantos todos os dias.
Já não sei viver sem
lágrimas ou dor.
A saudade é tanta que destrói.
Não sobrou nada desde que
você se foi.
Quanto mais afirmo: “vai voltar, vai voltar, tá viajando”,
mais acredito nessa verdade inventada.
Não posso me conformar com esse destino!
Nego, até que seja verdade o seu retorno.
Sei não ser possível isso, mas não vou desistir.
Prefiro a loucura dessa crença, a morrer em vida, sem você.
Acreditarei em seu retorno, até o regresso.
Outra coisa a Deus não peço: leve-me, também!
Aqui é lugar inabitável sem você!
Não vivi a vida desde que partiu.
Quem dera pudesse ir junto, pouparia dias sem fome, sono ou
vontade de viver.
Ninguém sabe o que é viver assim.
Tantos anos juntos e agora isso.
Que seja breve a vida, para que possa rever você.
Não me importo com os demais
sua partida é tudo o
que vejo
e a morte: desejo!
Ana Paixão, em voz emprestada a viúva em luto pela partida
inesperada do marido.