quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Dias de cárcere

Fui longe na imaginação para superar a solidão. 
Eram dias escuros e barulhentos, apesar do silêncio que invadia o meu ser. 
Quis saber o que fazer, tive medo de não mais te ver. 
Temi enlouquecer. 
As noites frias eram mudas e as celas que me separavam de ti, não podiam ser ultrapassadas, até a outra vez. 
Foi difícil vencer tudo aquilo, nada pode ser esquecido, mas, mesmo assim, resolvi seguir em frente, adiante, pra sempre. 
A vida e seus recomeços, ainda que em avessos. 
A liberdade, ainda que tardia, não é justiça, mas é a liberdade que se pode ter e gozar e fluir e dançar. 
Naquela noite senti frio, tive medo, entrei em pânico de dor. 
Dor de uma saudade que corrói, de um período que mais dói do que o que jamais tinha doido antes.
Não é aquela dor da saudade dos amantes, é a dor da amargura da solidão. 
Da separação de tudo que sei, que conheço e que espero. 
É a dor de não saber o dia de amanhã como vai ser. 
Aprendi a sobreviver, da maneira que deu, com tudo o que tinha e com tudo aquilo que me faltava. 
Nada disso esperava viver. 
Imagine só: um erro, um dia e uma sentença. 
Nada que se possa voltar atrás. Nada que vá além do que posso dizer ou fazer para reparar.
Só resta pagar e seguir a vida, ainda que mais doida depois daqueles dias que passei, na solidão das celas frias, na escuridão de minh’alma.
Só me resta esquecer os dias que vive naquele lugar, só assim para suportar.
Vou seguir, agora, a partir desse novo amanhã.
Tentar deixar o que passou e viver o novo para minha vida, querida e amada vida a ser vivida. 
Que os anos que seguem sejam em muitos superados aos já vividos até aqui, para que possa esquecer tudo o que passei, tudo o que se passou.
Que aquilo que está por vir, venha e seja melhor do que antes. Bem melhor.
É isso que preciso crer! E assim vai ser.

____Ana Paixão, em voz emprestada.

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