sábado, 10 de dezembro de 2016

Voz de alguém que se perdeu na estrada, mas tenta esquecer o que fez doer.



Algumas feridas deixam marcas expostas,
Cicatrizes, dores, cascas.
Mas essas, todos sabem, conhecem, sentem.
Piores são aquelas que não deixam sinais.
Marcam, sem mostrar.
Sangram, sem testemunha ocular.
Essas são as feridas da alma. Não saram até que sejam tratadas.
Depois daquele episódio, jamais pude voltar a olhar do mesmo jeito.
Sem preconceito, apenas uma constatação.
Poderia dizer que sim, que passou, nunca mais lembrarei, que perdoei.
Na verdade era o que queria, fantasia!
Marcas profundas parecem não cicatrizar.
O tempo não leva, a ferida não fecha.
Dizemos que sim, pra não parecermos ruins.
Mas, no fundo, no fundo, nunca mais somos os mesmos depois de certos acontecimentos.
Dor, lágrimas, sofrimento! Um dia, um lamento.
Tem dias que deixam marcas.
Algumas pessoas se fazem de louca e fingem que nada aconteceu.
Eu sei o que se passou.
O fato é que o passado se faz presente em minha mente.
Ao menos nos momentos que penso que poderia ser diferente.
Se pudesse, em todos os dias seria contente.
Se acaso pudesse escolher, escolheria apagar aquele dia. Fantasia!
Mas isso não dá. É hora de acordar, vestir a roupa e sair pra trabalhar de novo.
Vida que segue! É o que dizem.
Então, sem ter muito o que fazer, segui.
Esquecer, não esqueci. Tentei optar ao menos deixar menos aparente o que aconteceu.
Mas esquecer mesmo, meu coração não esqueceu.
Isso porque depois daquele dia, nunca mais o mundo foi o mesmo.
Ao menos o meu. Não sei o seu.

_____Ana Paixão, em voz emprestada.
Voz de alguém que se perdeu na estrada, mas tenta esquecer o que fez doer.

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