quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Desfibrilação



Foram várias as tentativas
Algumas ressuscitações
Houve até sinal de vida
Parecia que sobreviveria

Houve um tempo que o pulsar era natural
Quase não foi possível perceber
Quando começou a falhar
Nunca queremos acreditar

Foram vários os sinais
Achamos sempre que amores são imortais
Até que um dia, sem perceber...
Não há mais pulso, não há mais vida, não há mais amor.

Acionamos o desfibrilador,
E ele ressuscitou mais uma vez
Porém, sempre ficam sequelas.
Algumas imperceptíveis, outras vistas a olhos nus.

A arritmia dos erros cometidos
descompassou as batidas do coração
antes fantasia, hoje ilusão
sentimentos que já foram explícitos, agora escondidos.

Raiva, lágrima, dor, solidão
Coisas que descompassam o coração
Arritmia da loucura
Ninguém mais ao outro procura

Disritmia, cansaço e dor
 descompasso da dança.
Marca o passo do coração

A valsa não toca mais
O amor morreu
Tentamos, não deu.

Há sofrimento, batia tão forte no início
Já não bate tanto assim
Algo aconteceu
O ritmo se perdeu
O coração adoeceu
O amor morreu

Não é para ter sentido,
Mas ser sentido
Descompassos do coração
Desfibrilação foi opção, mas não solução.

Sentiremos saudades de ouvir a valsa tocar
E o coração pulsar.
Pena fibrilar.

Sentimos muito tudo descompassar.
Eram dois para lá e dois pra cá.
Perdemos o ritmo
Não ouvimos a canção.

Tentamos de tudo, desfibrilação.
Voltou a bombear, não amar.

Ana Paixão, em voz emprestada.

Voz de um coração que voltou a bombear, mas não mais amar.




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